In Aleatório Literatura

Piores e melhores dias

E quantas vezes eu fui dormir com o sentimento de inutilidade que tomou conta de mim, quantas vezes eu senti que não era capaz de nada, de nem mesmo de levantar da minha cama, quantas vezes o "desistir" já passou pela minha cabeça... sinceramente eu já perdi as contas. As vezes meu mundo é dominado pela parte ruim de mim, aquela parte que só sabe pensar em coisas negativas, aquela parte de mim que me faz acreditar que o lugar mais seguro é a minha cama, e de lá eu nunca devo sair.
Para minha sorte, eu sempre tenho força para vencer esses piores dias, sempre tenho voz para mandar aquela maldita voz se calar e me deixar viver, me deixar ter um pouco de felicidade que seja. E por ter essa força eu continuo aqui, mesmo indo dormir chorando as vezes, e passar o dia com um sorriso falso, eu continuo, e vou continuar até o fim dos meus dias, ou até me tornar mais forte que essa voz, tão forte que ela não terá coragem de desafiar. Para isso, eu tenho que enfrentar essa parte de mim, tenho que lutar com toda minha força, e todas minhas armas, mesmo que eu perca inúmeras batalhas, eu preciso enfrentar tudo isso, e me fortalecer, para no final ser quem venceu a guerra.
Nos meus piores dias, minha dor me pega nos braços, e me embala, me faz chorar por motivos que eu nem mesmo sei quais são, e eu choro até sentir minha cabeça doer. Nos meus melhores dias, minha dor me puxa pelo braço, grita comigo e tenta mais uma vez me colocar em seus braços, mas nos meus melhores dias ela não pode me fazer mal algum, pois nesses dias minha força é maior do que ela.
Talvez a vida de todos sejam assim, repletas de dias bons e ruins, mas ninguém deixa isso transparecer, ninguém quer falar sobre isso, e eu me pergunto por que? Por que esconder o que sente? Por que ter vergonha de sofrer? De ter dias ruins? A dor é algo humano, mas por que temos vergonha em dizer que a sentimos? Isso me irrita. Humanos tão cheios de dores que poderiam se evitadas se falassem mais o que sente, mas que preferem manter a imagem de que está tudo bem ou de que não sentem nada. Isso é tão estúpido.
Eu sei, você deve estar se perguntando " e você fala dos seus sentimentos?". obviamente eu falo, eu não consigo mais guardar nada para mim, eu não consigo mais me sufocar nas palavras que eu deixo de dizer, eu cansei de sempre fingir que está tudo bem. E então eu falo, desabo, mesmo que para quem eu diga o que sinto não se importa, porque para mim o que me importa é descarregar meu peito para conseguir mais forças para lutar, o que me importa é ter mais dias vividos do que escondidos no meu quarto por ser refém do meu psicológico. Eu não me preocupo sobre o que pensam sobre os meus problemas, porque eu sei que para quem eu falo não há problema, não há julgamento, eu sei que quem escuta os meus problemas é porque quer o meu melhor, e eu o deles. 
Todos sempre teremos alguém a quem confiar nossos segredos, até os mais obscuros deles, sejam nossas mães, nossos amores, nossos amigos. Sempre iremos ter alguém que irá nos ouvir sem julgar, alguém que vai nos ajudar a descarregar o peito e continuar lutando pelos melhores dias serem mais frequentes, e nossa força ser cada vez maior.
Quantas vezes minha dor quis ser maior que eu, quantas vezes ela quis estragar momentos incríveis, quantas vezes minha tristeza quis me invadir quando eu estava tão feliz, quantas vezes minha tristeza achou que era minha dona e eu mostrei que não, quantas vezes venci a batalha, e quantas vezes a perdi, quantas vezes eu gritei contra a maldita parte de mim que insiste em ser tudo de ruim, quantas vezes eu achei que ia desistir e ainda estou aqui. Eu posso ter perdido várias batalhas, mas todas me fizeram continuar, eu posso perder outras mil batalhas que eu vou continuar lutando, até vencer essa maldita guerra. 

C. M. De Lima

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